Brasil continuará abrigando Zelaya em embaixada

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta segunda (28) que apesar das ameaças feitas pelo governo golpista de Honduras o Brasil continuará dando abrigo ao presidente deposto, Manuel Zelaya.

- O Brasil, por uma situação que ele não criou, praticamente virou guardião do presidente legítimo de um país. Consideramos que temos que continuar a dar proteção a um presidente democrático independentemente de quais sejam as suas tendências políticas - disse Amorim.

Segundo o ministro, seria muito mais fácil para o governo retirar da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa os dois diplomatas e o auxiliar de chancelaria brasileiros que estão lá acompanhando as negociações. Mas isso seria "um ato de covardia, um gesto de desrespeito à própria democracia e um incentivo a outros golpes de Estado no continente".

Amorim conversou hoje com o secretário-geral da ONU, o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos) e com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, sobre o ultimato feito pelo governo golpista de Honduras ao status diplomático da missão brasileira no país e sobre a recusa da entrada de missão da OEA em Tegucigualpa. Mas garantiu que a comunidade internacional ainda aposta em uma negociação com o governo de Roberto Micheletti:

- É um ultimato ilegítimo de pessoas que estão no poder de forma ilegítima. A despeito de toda a ilegitimidade, queremos que haja uma solução negociada.

Diante dos últimos acontecimentos, Amorim acredita que é necessário um maior envolvimento das Nações Unidas na crise política de Honduras. Mas ele disse que não se trata de passar por cima da OEA:

- Não é para diminuir a atuação da OEA como interlocutor político, pelo contrário, mas a verdade é que não receber uma missão da OEA foi uma verdadeira bofetada na comunidade internacional, revelando uma percepção certamente errada por parte daqueles que estão ocupando o poder.

Amorim avalia que há quase um "estado de surdez" das autoridades de fato em relação ao que tem dito a comunidade internacional:

- Há uma total falta de receptividade. Não receber uma missão precursora da OEA é um total negativa ao diálogo e a uma solução pacífica.

Quanto ao ultimato feito ao governo brasileiro, Amorim definiu como "total descaso" pelo direito internacional, uma vez que a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas estabelece que mesmo em caso de ruptura de relações diplomáticas - o que não ocorreu - e mesmo em caso de guerra, a inviolabilidade da missão diplomática tem que ser mantida.

De acordo com o chanceler, hoje, mais uma vez, o governo brasileiro voltou a alertar o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, sobre a importãncia de evitar pronunciamentos que posam servir de pretexto para uma ação contrária do governo de fato

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