Ciro Gomes admite candidatura a governador de São Paulo

SÃO PAULO - O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) afirmou nesta quarta-feira que cogita a possibilidade de desistir da corrida presidencial e se candidatar a governador de São Paulo, com o apoio do PT. O presidenciável, que aparece em terceiro lugar nas intenções de voto na pesquisa CNI/Ibope, divulgada na terça-feira, com 12%, afirmou ao GLOBO que está motivado por "muita gente séria do PT".

A estratégia, que promete "bombardear" o ninho tucano em São Paulo, envolve uma complexa articulação iniciada há cerca de um mês pela base aliada de Lula. O governador José Serra (PSDB), líder nas pesquisas nacionais, estaria irritado com a movimentação do PT em torno de Ciro.

- Nunca esteve na minha "cogitação" essa possibilidade em São Paulo. Mas tem muita gente séria do PT falando disso comigo e realmente eu estou avaliando essa possibilidade. Mais que isso, não posso ainda falar - afirmou Ciro, que embora tenha feito sua carreira política no Ceará, é nascido na mesma cidade de Pindamonhangaba que o tucano Geraldo Alckmin, primeiro colocado nas pesquisas para o governo de São Paulo pelo PSDB.

Direção do PSB diz que vai levar projeto Ciro-governador adiante

Aliado de Serra em São Paulo e com a vice-liderança do governo na Assembleia Legislativa, a direção do PSB paulista afirma que vai levar o projeto Ciro-governador adiante - apesar de já ter levado uma reprimenda de Serra na última segunda-feira, em São Vicente (SP). Serra e Ciro são desafetos desde a época em que eram ministros do governo Fernando Henrique.

- O Serra ficou uma arara comigo. Mas o que posso fazer? Tenho time e não estou nessa com ele, mas com o meu partido, que é aliado nacional de Lula - disse o presidente estadual do PSB, deputado Márcio França (PSB-SP).

Vários pessebistas confirmaram que Serra reclamou da articulação. A base do PSB na Assembleia rebelou-se contra a direção do partido:

- Levamos uma bronca do Serra e ficamos chateados. Não precisamos importar o Ciro para governar São Paulo, temos nomes daqui. Tudo bem que ele nasceu no estado, mas foi embora. É lógico que ele vai enfrentar nossa resistência. Apoiamos o Serra e o candidato dele, Aloyzio Nunes Ferreira (secretário da Casa Civil) - afirmou o líder do PSB na Assembleia, deputado Luciano Batista.

" O presidente Lula foi simpático à ideia. Já calculamos e, juntos, teremos dez minutos de tempo na TV, o mesmo que Alckmin terá pelo PSDB "

O presidente do PSB disse que contornará a rebelião. Segundo ele, o projeto para Ciro tem conquistado apoio nacional e foi apresentado a Lula:

- O presidente Lula foi simpático à ideia. Assim como nossos aliados. É claro que a primeira reação de todos é de espanto, mas a estratégia é boa. Já calculamos e, juntos, teremos dez minutos de tempo na TV, o mesmo que Alckmin terá pelo PSDB.

Presidente estadual do PT admite apoiar Ciro

Segundo França, PSB, PDT, PR, PP e outros partidos da base fizeram uma pesquisa Ibope em São Paulo para avaliar a candidatura de Ciro, antes de lançar a ideia publicamente. Ciro teria aparecido com 18% das intenções; e mais de 70% dos eleitores afirmaram que gostariam de quebrar a hegemonia tucana em São Paulo. O PSDB governa o estado há 14 anos.

- Esse plano é uma das fantasias da política. Não passa pelo crivo de uma análise de bom senso. Imagine Alckmin ou Serra disputando o governo do Ceará. Essa ideia não tem alterado nossas políticas e desconheço a propalada irritação do governador- afirmou o serrista Walter Feldman.

O presidente estadual do PT, Edinho Silva, admitiu as negociações e não descartou a hipótese de o PT fechar com Ciro. Ele conversou com o principal pré-candidato do PT a governador, o deputado Antonio Palocci (PT-SP). Os petistas afirmam que Palocci deixou claro que pretende esperar a definição de sua situação na Justiça, e depois voltar para o governo. No máximo, se candidataria novamente à Câmara dos Deputados.

Segundo a pesquisa CNI/Ibope, o governador tucano de São Paulo, José Serra, lidera a corrida à sucessão presidencial, com 38% das intenções de voto, contra 18% da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que chegou aos 18%. A agora vereadora de Maceió Heloísa Helena (PSOL) registrou 7%.

Em um segundo cenário, quando Serra é substituído pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), Ciro e Dilma aparecem tecnicamente empatados. Ciro tem 22% das intenções de voto, e Dilma, 21%. Aécio registra 12% e Heloísa Helena, 11%.

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